domingo, 27 de janeiro de 2013

Anatomia de uma tragédia!

Todos vimos a mídia veicular a matéria sobre a boate Kiss, em Santa maria, RS. Todos vimos, assustados, o número de mortos aumentar drasticamente. Todos vimos os depoimentos, os resgates, os mortos, os testemunhos, de quem esteve no local, antes, durante e depois dos acontecimentos trágicos.
Mas eu me pergunto: o que realmente achamos de tudo isto?
Li pessoas falando em "empatia", e em "luto". Sim, é uma grande tragédia, e como eu li, pessoas da mesma família perderam as vidas. Irmãos, primos namorados, casais... sonhos, esperanças, planos. Mas quando leio as entrelinhas da mídia, me desperta um sentimento calculista do quanto somos frios, pois a contagem dos mortos nem terminou, e já nos esforçamos em encontrar um culpado.
Foi o alvará vencido? Foram os donos do local? Foi o rapaz da banda que acendeu um sinalizador? Foram os extintores que falharam? Foram os seguranças que barraram a saída por não saber o que se passava?
Leio e releio estas notícias, e então perco o rumo da tragédia. Pessoas morreram. Amigos, parentes...
Falamos em "não podemos deixar impunes", e "não podemos esquecer desta desgraça". Mas me corrijam se eu estiver errado, não tem muito tempo uma história muito parecida aconteceu. Uma boate, uma brigada de incêndio despreparada, um alvará irregular, e tantos mortos. E o que mudou de lá pra cá?
O que realmente aprendemos com tudo isto?
Me entristece a resposta mas... NADA!
Não aprendemos nada. Sentimos a tristeza pelos mortos e feridos, pelos que se foram, pelos amigos, irmãos, pais, mães, namorados.
Mas a triste verdade é que daqui a algum tempo a notícia vai esfriar, e parar de vender jornais. Mas e a dor destas pessoas?
Aplaudo a Universidade Federal de Santa Maria que está formando um serviço de atendimento para as vítimas do incêndio e seus familiares, pois estas pessoas, mais do que qualquer um, precisarão de ajuda, precisarão conversar, lidar com suas perdas.
Na página principal de um jornal via-se uma foto do antes e depois da boate, e da destruição causada.
Mas e a dor no coração destas famílias? Quem olha por elas?
Felizmente não posso dizer que que sei como é perder alguém numa tragédia como esta, mas eu SEI como é perder um amigo cedo demais. E sei que cada um vai lidar com isto de uma maneira diferente.
Aos familiares, só posso deixar meus sentimentos, e expressar minhas condolências.
Às autoridades, deixo um apelo: Que esta trágica história não se repita, apenas para ser mais uma, esquecida daqui a algum tempo, ofuscada pelo brilho e pelo glamour do Carnaval. Como tudo neste país.
Quantas outras "Kiss"s existem por aí, com alvarás irregulares, estruturas mal feitas e irregulares, com festas acontecendo, shows, música, dança... e uma potencial nova tragédia por acontecer a qualquer momento?
Quem vai assumir a responsabilidade?
Ou vamos esperar um novo incêndio?

quarta-feira, 2 de janeiro de 2013

Sobre a inclusão e outras idéias...

Faz realmente muito tempo que não escrevo aqui e resolvi colocar algumas considerações a cerca da inclusão...mas são só alguns pensamentos, nada conclusivo, mas é algo que venho pensando nesse tempo em que trabalho com muitas crianças incluidas na rede municipal de ensino. Já faz tempo que venho questionando a maneira como isso vem sendo feito e pensando que infelizmente, ao meu ver, nem todas as crianças incluidas estão aptas ou preparadas para frequentar uma escola regular. Acredito sim que em alguns casos essa inclusão é possivel, mas que não são em todos os casos. E penso que a longo prazo isso pode ser muito prejudicial principalmente para aquela criança que foi incluida. Vou colocar aqui um trecho de um texto escrito na Veja, da semana do dia 02 de Janeiro de 2013, escrito por Lya Luft. O nome do texto é "O ano das criancinhas mortas": "(...) Segundo, precisamos sim, rever em toda a parte nossos conceitos, leis e preconceitos quanto a doenças mentais. O politicamente correto agora é a inclusão geral, significando tambem que crianças com deficiência devem ser forçadas (na minha opinião) a frequentar escolas dos ditos "normais" (também não gosto da palavra), muitas vezes não só perturbando a turma, mas afligindo a criança, que tem de se adaptar e agir para além dos seus limites - dentro dos quais poderia se sentir bem, confortável, feliz. Pessoas com qualquer tipo de transtorno mental devem ser cuidadas conforme a gravidade de sua perturbação, que pode ser leve ou chegar a estados perigosos para si mesmas ou para os demais - o que na maioria das vezes irrompe ou se agrava no fim da adolescência. Mas em geral, pela tremenda dor de termos um filho ou filha com tais problemas, fingimos que nada ali é "anormal" (detesto essa palavra também). É feio levar ao médico a criança com transtornos psiquiátricos, porque é feio desconfiar que um filho ou filha tem esse tipo de "problema", é mais feio ainda aceitar tratamento ("remédios fazem mal", "vacina me deixa doente", "anticoncepcionais me atacam os nervos")(...) Bom...acompanho as vezes casos que pais se negam a colocar os filhos numa escola especializada. Ou se negam a levar a criança num neurologista, num psiquiatra. Não querem dar o remédio. E as vezes o sistema público tambem não oferecem todo o apoio que essas crianças precisam. É muito complicado, é um trabalho muitas vezes solitário, em que não conseguimos resultados satisfatórios e não podemos contar com um apoio. A psicologia ajuda muito, mas tem seus limites e precisa de uma série de outros apoios e considerações. É isso, volto a escrever mais sobre o tema em outras oportunidades.

domingo, 5 de junho de 2011

Mais sobre o Bullyng!

Muita gente me pergunta sobre o Bullyng, com uma dúvida peculiar, mas muito cabível: "O Bullyng só acontece nas escolas? Só o convívio escolar é que pode causar seus efeitos devastadores?"

Bem, tenho por experiência, e já falei em outras postagens, que a intimidação é um fator determinante para caracterizar se a pessoa (criança ou adulto) é uma vítima ou não. A sensação de impotência, de solidão, de estar indefesa. Ou o famoso "ninguém me entende".

Uma pessoa que tende á depressão e ao isolamento, muitas vezes, é uma potencial vítima. Seu estado mental já faz, normalmente, com que se isole e não busque ajuda, colocando a si mesma, muitas vezes, como a culpada dos ataques e agressões.
Lembro aqui que não precisamos falar apenas em agressões físicas, mas também as morais. E pasmem, segundo estudos, os maiores propagadores deste tipo de atitude são os próprios pais. Cria-se um abismo entre pais e filhos, a tal ponto que os filhos param de procurá-los e contar seus sentimentos, suas dúvidas, seus problemas. Porque os pais serão os primeiros a julgá-los, a criticá-los.
Inconscientemente, este comportamento dos pais imputa nos filhos um sentimento de culpa, do tipo "se eu estou passando por isto é porque eu mereço".
Enquanto não mudarmos esta concepção, e diminuirmos este abismo, abrindo mais espaço para conversar e nos entendermos, o Bullyng continuara sendo uma constante nas nossas vidas, e muitas vezes sem que sequer percebamos sua presença.

Alguns tipos de Bullyng mais difundidos na nossa sociedade:

Bullyng Social:
No convívio entre amigos, colegas de trabalho, comunidade, sempre há aquele que é motivo de chacota, que nunca é levado a sério, e sempre que abre a boca, a primeira coisa que fazemos é respirar fundo e revirar os olhos (às vezes até grunhimos sem perceber);

Bullyng Escolar:
Uma criança tida como "vítima", diferente, indefesa. Filhos de estrangeiros, por exemplo; crianças muito pequenas; muito grandes; com alguma deformidade; desengonçadas; engraçadas;

Bullyng Profissional:
Uma empresa que oprima seus funcionários, que imponha suas regras (certo, como a grande maioria faz), e que não leva a sério a condição de vida e saúde do profissional. Quantos de nós nunca ouvimos a famosa frase "Tem quinhentos desempregados querendo o seu cargo. Então fica esperto e faça o que eu mando."


Como podem ver, o Bullyng foge completamente ao contexto escolar nos dias de hoje, embora estudos sobre ele tenham começado neste meio. Talvez por isto a confusão de pensarmos que "só é bullyng se for na escola". Bem, como podem ver, isto está bem longe da realidade.

As pessoas oprimidas, diminuídas, maltratadas e agredidas uma hora chegam no seu limite. Ou no popular, "uma hora o caldo entorna".
E nesta hora, a psiquê não vê amigo ou inimigo. Ele vê aqueles que por anos a fio o oprimiram, e vai atrás de retaliação, seja como for.
Um empregado que sabota a própria empresa; um amigo que fala pelas costas; um colega de escola que começa a sofres como válvula de escape dos abusos sofridos.

Do inglês, Bully: Ameaçar, assustar, maltratar, arreliar, oprimir.

Crie uma pessoa imersa no medo, e uma hora o medo será sua arma.
Então, vamos começar a olhar em volta, e procurar estas pessoas.
Elas estão ali, tímidas e indefesas.
Ou assim nos parece.

Dica de Filme: "Um Dia de Fúria", com Michael Douglas.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Bullying e a Violência nos dias atuais!

Temos visto atualmente muitos atos de violência em que a justificativa usada pelos assassinos para justificar atos tão cruéis tem sido o fato deles mesmo terem sido vítimas, do tão falado, bullying em suas infâncias.
O que eu gostaria de discutir aqui hoje é que o Bullying de fato existe e é um problema que não pode ser ignorado, mas que do mesmo modo que outros distúrbios já cairam no gosto popular e já passaram a ser usados indiscriminadamente para justificar qualquer coisa (como é o caso da hiperatividade, depressão, etc), o Bullying parece estar indo pelo mesmo caminho. Então vamos aos fatos:
- Crianças e adolescentes muitas vezes podem ser realmente cruéis um com os outros e discriminar uma criança ou adolescente quando este apresenta traços muito diferentes da "normalidade" e principalmente quando a pessoa parece de fato se incomodar com aquela gozação ou rótulo.
- Para a pessoa vir a se tornar um assassino, ou psicopata, ou algo do gênero, não é necessário que ela tenha sofrido o Bullying ou uma discriminação qualquer. Mas ela já apresenta uma predisposição que pode vir a desenvolver um quadro psicótico. Não é porque alguem foi discriminado, ou vítima de Bullying, como temos ouvido falar em alguns meios de comunicação, que a pessoa vai sair cometendo atos de violência. Se fosse assim, a maioria das pessoas estariam propensas em algum momento praticar algum ato violento, pois quem nunca foi contrariado? Ou quem nunca ouviu alguma gozação quando criança?
Acredito que este assunto não se esgota por aqui, mas poderá ser tema para próximas discussões.

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Como enfrentar as dificuldades

Dificuldades todas as pessoas tem, em maior ou menor grau, em determinado momento da vida. O que difere é a maneira como cada pessoa encara aquela situação e se dispoe a tentar resolver. Realmente existem problemas que estão acima do que podemos resolver, pelo menos de imediato, e como lidar com este tipo de dificuldade?
Inicialmente diria que uma maneira é encarando as situações como passageiras e que cedo ou tarde alguma resolução ou solução acontecerá.
Pessoas que encaram a vida de uma maneira mais otimista e que não se posicionam como derrotados, conseguem superar de uma melhor forma. Tudo depende do peso que cada um dá para aquela problemática e também de quanto a pessoa acredita que aquilo é passageiro e que a solução será encontrada.
Tem pessoas que de antemão já acham que não tem solução, que nada adiante ser feito e que não vale a pena continuar tentando achar uma saída. Estes são os que sofrem mais com a situação. Estes são os que deprimem, os que não conseguem encarar a vida como algo bom e único.
Então a postura pessoal, a capacidade de separar os problemas pessoais de outras coisas, como por exemplo, momento de trabalho. O não descontar em quem está próximo, conseguir pensar em outras coisas durante o dia, isso tudo também ajuda. Pois o problema maior está em ficar pensando continuamente na dificuldade e vivendo como se só aquilo existisse, como se não existisse outras pessoas, com outros problemas, outros assuntos, outras realidades e outros interesses.
A maioria dos problemas, cedo ou tarde chegam a alguma solução. Não adianta ficar ruminando aquilo diariamente. Claro que precisamos pensar em saídas, caminhos que podem ser trilhados para resolver. Claro que muitas vezes depende de uma força de vontade imensa para superar a situação e isso só se encontra dentro de nós mesmos. Mas existem maneiras de conviver bem com situações dificeis, é só ter calma, paciência e saber analisar o que pode ser feito.
Quando a problemática é muito grande, que a pessoa acredita não conseguir dar conta sozinha. Existe a possibilidade de se procurar uma terapia. O psicólogo auxiliará no processo de conseguir enxergar os caminhos, enxergar as possibilidades e dará o suporte que a pessoa necessita para enfrentar aquele momento. Trabalhando as características pessoais, ajudando a pessoa a se valorizar, melhorando a auto estima e mostrando que uma atitude mais positiva ajuda nos momentos de crise.

Nessa semana, no dia 26 de Outubro de 2010, o nosso blog Espaço Psique completou 1 ano de existência. E estamos muito felizes com os resultados alcançados até o momento. Esperamos que nosso espaço tenha vida longa e que seja de muita utilidade para as pessoas sempre.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Amor de música X Amor de verdade

Estamos acostumados ouvir músicas de amor que apresentam algumas frases que funcionam muito bem quando se tratam de letras de música, mas que na realidade não deveriam funcionar bem assim. Diria que são o ponto alto do romantismo, mas que na vida real não passam de baixa auto estima, falta de amor próprio ou não conseguir se ver como alguém que se basta.
Pra começar, quando ouvimos coisas como: procuro um amor que seja bom pra mim, mas o melhor seria sermos ótimos para nós mesmos mesmos. Ou melhor, quando ouvimos coisas do tipo....preciso de você para viver, sem você eu não vivo. Outra coisa que é super negativo, pois o amor só tem sentido quando nós não precisamos do outro para viver. O parceiro não deveria ser uma NECESSIDADE e sim uma escolha, alguém com quem a gente gostaria de ficar junto, alguém que a gente escolhe para dividir a nossa vida. Mas que se no fim não der certo, paciência, fizemos o que pudemos e a vida continua, apesar do fim do relacionamento.
E mais algumas coisas, como por exemplo, todos já ouvimos, tenho certeza, que para os outros gostarem de nós, primeiramente temos que nos amarmos. Temos que nos valorizarmos e fazermos coisas boas para nós mesmos. Fica mais fácil de outras pessoas nos acharem interessantes, se nós fizermos coisas que são importantes para nós mesmos.
Outra frase que costumo questionar muito: ele(a) me completa. Pra mim, não existe isso. Pelo menos não deveria existir coisas do tipo: ele(a) é a minha metade da laranja. Pois somos todos inteiros. Não estamos pela metade. A outra pessoa não te completa. Não é tão bom estar com alguém com quem dividir as suas experiências, ou melhor, com alguém que se faça uma adição do modo de cada um ver a vida? É muito melhor pensar desta maneira. Pois do contrário, enquanto não encontramos o amor, ou quando perdemos um amor....estaremos fadados a sermos senpre uma metade...incompletos. Sendo que é muito melhor sermos um inteiro....que pode fazer muito sentido junto a outro inteiro.
Essa minha visão pode ser estranha, pode gerar críticas....pode fazer parecer que estou diminuindo o amor, o romantismo. Mas na realidade não. Se relacionar, viver um amor, viver num relacionamento é muito bom e enriquecedor na realidade. Mas enriquece na medida que conseguimos ver o nosso valor, separadamente do valor do outro. E na medida que essa relação seja uma escolha. Que traga sempre prazer de viver e de compartilhar. E que essa relação consiga preservar o que existe de individual em cada pessoa. Que cada um consiga continuar tendo vida própria, tendo a sua subjetividade sempre.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Educar vs. Ensinar

No mundo de hoje vemos cada vez mais casos de problemas escolares, não só no tocante à educação, mas à segurança. Alunos que andam armados, agridem e intimidam professores por notas, presença ou simplesmente porque "Sim", para impressionar os "amigos".

Um dos principais problemas da Educação hoje são os Pais que colocam os filhos na escola e já se dão por satisfeitos, não comparecendo às reuniões, não acompanhando seu progresso, e depositando na escola um papel que é SEU, o de EDUCAR. A escola não pode, e nem DEVE, ensinar valores pessoais, familiares, mas estar preparada para lidar com a bagagem de vida dos seus alunos, ensinando-os a lidar com suas experiências no caminho de sua Educação.

Em nosso trabalho, ouvimos muitos relatos de dificuldades comportamentais, principalmente com relação ao respeito e à disciplina, seja de pais ou educadores, que não encontram um consenso sobre a responsabilidade de um e de outro. Na verdade, disputam o "Certo e Errado" do processo educacional de seus filhos, mais preocupados com "de quem é a culpa" do que em "como melhorar este processo".

Há quem diga que "a culpa é da escola que não Educa". Mas Educar é papel dos Pais (ou responsáveis, ou seja qual for o contexto familiar da criança). Na família, aprendemos valores, boa-educação, respeito, disciplina.

Há ainda quem diga que "a culpa é dos pais que não Ensinam seus filhos". Mas Ensinar é papel da Escola, instruir, informar, disciplinar e, mais do que tudo, ensinar ao aluno o que fazer com aquilo que aprende.

Na verdade, a Educação-Global, como tanto se fala nos dias de hoje, envolve uma combinação e uma integração saudável entre Educadores e Responsáveis. Eles devem interagir, conversar, combinar e, o mais importante, pensar no bem-estar da criança (ou adolescente, ou adulto), Ensinando-lhe o valor da Educação, e Educando-o para lidar com seus ensinamentos.

Hoje o mundo é muito prático, os valores mudaram, e continuam mudando a cada dia. Já não é mais válido simplesmente ensinar por ensinar. Deve-se dar valor ao que se ensina, e ao que se aprende. O que mais vemos são crianças que, durante as aulas, questionam, desafiam, testam, pelo simples fato de querer entender e saber seus limites, ou ainda a utilidade daquilo que lhes é ensinado. Questionam suas obrigações e buscam seus direitos, muitas vezes deturpados por valores sociais incertos e discrepantes.

Falamos em Independência, mas criamos escolas e alunos cada vez mais Dependentes de um contexto incerto.

Aos pais cabe:
* Educar - ensinar valores como verdade, honra, respeito e etiqueta;
* Valorizar - mostrar aos filhos a importância que têm na sociedade e o valor da boa educação em seu próprio desenvolvimento;
* Disciplinar - Ensinar valores de Ordem, a importância de horários, segurança e respeito.

À escola cabe:
* Instruir - transmitir informações, cada vez mais precisas e atualizadas, de um mundo onde as mesmas estão em constante mudança, e se preparar para as "perguntas inquietantes", polêmicas ou ainda contraditórias;
* Organizar - ensinar aos alunos a importância dos valores aprendidos no seu dia-a-dia na formação de sua identidade, comportamento, círculo de amizades e repertório de toda a vida;
* Disciplinar - Ensianr a importância da obediência, da hierarquia e do "certo e errado", esclarecendo as possíveis contradições entre aquilo que é ensinado em casa e na escola.

Os Pais querem que as escolas eduquem seus filhos em seu lugar, mas ao mesmo tempo se incomodam quando seus filhos os questionem sobre atitudes que aprenderam na escola serem certas ou erradas.

As Escolas querem que os pais eduquem e ensinem tudo aos filhos, que esperam que cheguem em sala-de-aula como pequenas "esponjas de saber". Mas não dão atenção às diferenças entre eles, tratando igualmente aqueles que aprendem com mais facilidade e usando-os como modelo para aqueles com mais dificuldade.

Comparar é um grande erro no processo de educação. Uma coisa é o Modelo do que é certo, justo e "Bom". Outra é cobrar que uns sejam iguais aos outros.

Precisamos conversar, educadores e pais, para que tenham claros os seus papéis, lidando da melhor maneira com filhos/alunos. Um aluno não pode ter no professor a imagem de um pai às avessas, que desdiz aquilo que é ensinado em casa; Como um Pai não pode ser o anti-professor, que só faz questionar, desvalorizar e merecer o esforço dos professores ao lidar com seus filhos.

Lembrando que vivemos numa sociedade onde a imagem de professor anda bem desvalorizada, mal-paga e insegura, não é pra menos que alunos desajustados sejam tão freqüentes pelas nossas escolas.

De quem é a CULPA??

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Autonomia e Independência

Gradualmente a criança se torna capaz de assumir algumas tarefas e a sua autonomia, mas para isso os pais tem que estar preparados para deixar que as crianças tenham algumas experiências. Isso irá acontecer normalmente, conforme ela for sendo estimulada pelos adultos com quem convive.
Conforme o desenvolvimento infantil, a criança é capaz de desenvolver algumas atividades, segue abaixo um pequeno roteiro:

2 a 3 anos: já é capaz de trocar brinquedos com os amigos e não mais tomá-los a força, de sentar-se a mesa durante o lanche e de se alimentar sozinho.
3 a 4 anos: Nessa fase ela é capaz de cumprir regras de convivência construídos coletivamente e realizar tarefas como carregar a própria mochila e tirar o material escolar. Pode ainda usar o banheiro com a supervisão de um adulto.
4 a 5 anos: Manuseia os objetos pessoais e quando tem dificuldade motora solicita ajuda. Também tem condições de escolher com o que vai brincar. Troca de roupas sozinho, ajuda o professor na escola e participa de atividades em grupo.
5 a 6 anos: Já é capaz de escolher os amigos e brincadeiras. E também já pode ser responsável pelos seus materiais e brinquedos.

Algumas dicas:

Comer sozinha: entre 6 meses e 1 ano - com a supervisão do adulto, já pode levar pedaços de fruta(ex: banana ou mamão) sozinha até a boca. Com 1 ano pode começar a aprender a usar a colher.

Trocar a mamadeira pelo copo: a utilização do copo exercita a autonomia.

Largar a chupeta: até os 2 anos. A chupeta, álem de comprometer a arcada dentária, pode atrasar o desenvolvimento da fala, pois compromete os movimentos da lingua e dos lábios.

Deixar de usar fraldas: entre 2 e 4 anos. Quando a criança está pronta para tirar as fraldas, geralmente ela consegue avisar se está suja, ou se algo vai acontecer. Ou então, se passa a acordar seca, ou a não sujar muitas fraldas durante o dia, também é um sinal. Até os 5 anos é normal deixar escapar o xixi de vez em quando.

Escovar os dentes sozinho: a partir de 4 anos com supervisão. Sem ajuda após os 6 anos mais ou menos.

Tomar banho sozinho: a partir dos 6 anos.

Dormir na casa de um amiguinho: a partir dos 6 anos. Evidentemente essa decisão depende do grau de maturidade e grau de independência. Os pais devem ter cuidado para não pular etapas.

Navegar na Internet: a partir dos 6 anos. Mas não deve ocupar muitas horas do dia, e os pais devem supervisionar o uso.

Ganhar um celular: a partir dos 10 anos.

Receber mesada: a partir dos 6 anos (semanal) e 14 anos (mensal) - aos 6 anos a criança vivencia as primeiras situações de consumo longe dos pais, como a compra de um lanche na cantina da escola. Mais importante do que o valor é a forma como ele será gasto. Mesada não é prêmio, é um instrumento de educação. A criança deve prestar conta dos gastos. Ela também deve ser estimulada a poupar, o que constitui um aprendizado útil sobre planejamento e autocontrole.

Ir sozinho para a escola: entre 13 e 14 anos. Aos 11 anos os pais já devem ir ensinando o trajeto e ensinando a pegar o ônibus, etc. Já devem também ir ensinando a evitar atitudes de risco, como recusar carona de desconhecidos e andar, sempre que possível, na companhia de amigos.

Muitas dessas dicas são controversas e gera muita discussão entre os pais. De qualquer forma, essas fases variam de acordo com cada realidade familiar e de acordo com a maturidade de cada criança. Acredito que cada pai deve tentar conhecer ao máximo o seu filho, dessa maneira ele sabe definir o que seu filho já é capaz de fazer.

A fonte de algumas dessas dicas é a Revista Veja.

segunda-feira, 29 de março de 2010

Terapia em grupo: fazer ou não fazer??

Muita gente tem um pouco de resistência quando é indicada para participar de um grupo terapêutico e tem a falsa idéia de que numa terapia individual os resultados serão muito mais rápidos e eficazes!!!
Na realidade os dois tipos de terapia são muito eficazes, o caminho trilhado é diferente, mas o resultado final é muito gratificante.
Afinal, como funciona e o que é um grupo terapeutico??? É um grupo de pessoas, com necessidades semelhantes, que se reunem com um objetivo. E cada pessoa do grupo tem a sua individualidade.
É um espaço para compartilhar vivências, alegrias, preocupações, conflitos, sentimentos, etc.
O grupo é formado com a participação de todas as pessoas envolvidas naquele contexto. Um grupo nunca é igual ao outro, cada grupo é constituido de pessoas diferentes e suas histórias de vida; a união dessas diferentes identidades irá formar a identidade do grupo.
O grupo, enfim, envolve um processo de construção coletivo, onde cada participação fará com que se chegue a uma solução. São diferentes maneiras de lidar com situações semelhantes. É a possibilidade de aprender com a vivência do outro que o diferencia da terapia individual. E a demanda de assuntos costumam emergir do próprio grupo.
Geralmente as pessoas envolvidas no processo terapêutico em grupo se comprometem de verdade com este tipo de atendimento. E costuma ser muito prazeiroso a troca de experiências e vivências. As pessoas se identificam umas com as outras, o vinculo realmente acontece e o sigilo é muito levado a sério.
Os grupos podem ser fechados, ou abertos e com diferentes objetivos. Aqui foi falado mais do modelo fechado. Em breve poderão ser explorados mais o funcionamento do grupo aberto.

sábado, 27 de março de 2010

Imaginação ou Fantasia: Um pé na realidade!

Falamos antes da importância da imaginação da criança no seu processo de desenvolvimento, para lidar com situações de carência, abandono, ou em alguns casos de confusão e má orientação. Muitas pessoas nos perguntaram sobre a questão dos "amigos imaginários", se é saudável, se é normal... até perguntas de origem espiritual nós recebemos.

Não vamos entrar na questão espiritual porque não cabe aqui, mas estamos à disposição para discutir o assunto através de nosso e-mail, para evitar maiores polêmicas.

Toda criança possui uma mente imaginativa muito exacerbada. São capazes de criar histórias, personagens e, muitas vezes, músicas com praticamente qualquer coisa. Quem nunca tentou criar uma história, um conto, ou mesmo uma canção, e viu-se empacado no lugar? A idéia estava ali, mas simplesmente parecia que não a alcançava.

Toda criança possui grande facilidade em acessar este conteúdo imaginativo. Na verdade, algumas linhas da psicologia tratam da questão da Mente Criativa como um contato íntimo com a natureza infantil, ou criança-interior, de todos nós. Quando uma pessoa é muito criativa, é comum ser chamada de "infantil". Ou o contrário, uma pessoa monótona e sem brilho ser chamada de "velha".

Exercitar este processo, esta Mente Criativa, é muito saudável. Criar novas brincadeiras, novas palavras, nomes, e em alguns casos até mesmo brincar de faz-de-conta, fingindo ser outra pessoa, um personagem de filme ou desenho, ou algo totalmente diferente. Muitas vezes, é a forma de nossa mente inconsciente lidar com idéias e conteúdos que estão subliminares ao momento em que vivemos. Com as crianças não é diferente, e nem poderia.

Imaginação e Fantasia estão associados. A Imaginação é uma propriedade natural do ser humano, referente à sua capacidade de trazer à mente uma experiência vivida através dos sentidos, lembrando de uma pessoa, objeto, situação, e revivendo seu contato com o(s) mesmo(s) através do pensamento e da lembrança abstrata.

Já a fantasia está mais ligada à criatividade, pois difere da Imaginação por não ter relação com a realidade, propriamente. Trata-se de um processo mais elaborado, onde a própria realidade pode ser deixada de lado. Ou seja, podemos não só lembrar, como na Imaginação, mas também modificar aquilo que imaginamos da forma que quisermos.

Este processo é conhecido como "Compensação", ou seja, pegamos uma situação real experimentada, muitas vezes vivida de uma forma negativa, como um constrangimento, uma frustração, ou uma experiência dolorosa, por exemplo, e a transformamos em algo mais prazeroso, ou mesmo divertido, de se viver e/ou lembrar.

Isto apenas deixará de ser saudável caso torne-se um processo muito forte para a pessoa, principalmente para a criança. O que chamamos de mentira, para ela pode ser uma fantasia, e se mau orientada pode seguir dois caminhos: Pode ser vista como algo infantil, e tratado como uma brincadeira sem importância, ou pode tornar-se um processo criativo deturpado, onde a mente da pessoa (principalmente da criança) torna aquela fantasia verdadeira, perdendo o contato com a realidade e experimentando as "falsas lembranças" como sendo reais.

É muito importante ficar atentos à esta questão, percebendo os limites da brincadeira e a importância destes conteúdos referenciais para a criança, pois deles depende a formação de sua própria personalidade, sua identidade e, mais importante, seu caráter.

Um processo criativo baseado na Imaginação saudável, consciente da realidade, pode promover um desenvolvimento saudável, baseado em regras e conceitos sociais bem elaborados e aceitos.

No entanto, um processo baseado em fantasias irreais pode causar um desenvolvimento deturpado, baseado em regras não-aceitas e conceitos inexistentes senão na mente da criança, que a cada dia passa a dar uma importância cada vez maior àqueles conteúdos, tornando-se verdadeiramente "doente".