segunda-feira, 14 de junho de 2010

Educar vs. Ensinar

No mundo de hoje vemos cada vez mais casos de problemas escolares, não só no tocante à educação, mas à segurança. Alunos que andam armados, agridem e intimidam professores por notas, presença ou simplesmente porque "Sim", para impressionar os "amigos".

Um dos principais problemas da Educação hoje são os Pais que colocam os filhos na escola e já se dão por satisfeitos, não comparecendo às reuniões, não acompanhando seu progresso, e depositando na escola um papel que é SEU, o de EDUCAR. A escola não pode, e nem DEVE, ensinar valores pessoais, familiares, mas estar preparada para lidar com a bagagem de vida dos seus alunos, ensinando-os a lidar com suas experiências no caminho de sua Educação.

Em nosso trabalho, ouvimos muitos relatos de dificuldades comportamentais, principalmente com relação ao respeito e à disciplina, seja de pais ou educadores, que não encontram um consenso sobre a responsabilidade de um e de outro. Na verdade, disputam o "Certo e Errado" do processo educacional de seus filhos, mais preocupados com "de quem é a culpa" do que em "como melhorar este processo".

Há quem diga que "a culpa é da escola que não Educa". Mas Educar é papel dos Pais (ou responsáveis, ou seja qual for o contexto familiar da criança). Na família, aprendemos valores, boa-educação, respeito, disciplina.

Há ainda quem diga que "a culpa é dos pais que não Ensinam seus filhos". Mas Ensinar é papel da Escola, instruir, informar, disciplinar e, mais do que tudo, ensinar ao aluno o que fazer com aquilo que aprende.

Na verdade, a Educação-Global, como tanto se fala nos dias de hoje, envolve uma combinação e uma integração saudável entre Educadores e Responsáveis. Eles devem interagir, conversar, combinar e, o mais importante, pensar no bem-estar da criança (ou adolescente, ou adulto), Ensinando-lhe o valor da Educação, e Educando-o para lidar com seus ensinamentos.

Hoje o mundo é muito prático, os valores mudaram, e continuam mudando a cada dia. Já não é mais válido simplesmente ensinar por ensinar. Deve-se dar valor ao que se ensina, e ao que se aprende. O que mais vemos são crianças que, durante as aulas, questionam, desafiam, testam, pelo simples fato de querer entender e saber seus limites, ou ainda a utilidade daquilo que lhes é ensinado. Questionam suas obrigações e buscam seus direitos, muitas vezes deturpados por valores sociais incertos e discrepantes.

Falamos em Independência, mas criamos escolas e alunos cada vez mais Dependentes de um contexto incerto.

Aos pais cabe:
* Educar - ensinar valores como verdade, honra, respeito e etiqueta;
* Valorizar - mostrar aos filhos a importância que têm na sociedade e o valor da boa educação em seu próprio desenvolvimento;
* Disciplinar - Ensinar valores de Ordem, a importância de horários, segurança e respeito.

À escola cabe:
* Instruir - transmitir informações, cada vez mais precisas e atualizadas, de um mundo onde as mesmas estão em constante mudança, e se preparar para as "perguntas inquietantes", polêmicas ou ainda contraditórias;
* Organizar - ensinar aos alunos a importância dos valores aprendidos no seu dia-a-dia na formação de sua identidade, comportamento, círculo de amizades e repertório de toda a vida;
* Disciplinar - Ensianr a importância da obediência, da hierarquia e do "certo e errado", esclarecendo as possíveis contradições entre aquilo que é ensinado em casa e na escola.

Os Pais querem que as escolas eduquem seus filhos em seu lugar, mas ao mesmo tempo se incomodam quando seus filhos os questionem sobre atitudes que aprenderam na escola serem certas ou erradas.

As Escolas querem que os pais eduquem e ensinem tudo aos filhos, que esperam que cheguem em sala-de-aula como pequenas "esponjas de saber". Mas não dão atenção às diferenças entre eles, tratando igualmente aqueles que aprendem com mais facilidade e usando-os como modelo para aqueles com mais dificuldade.

Comparar é um grande erro no processo de educação. Uma coisa é o Modelo do que é certo, justo e "Bom". Outra é cobrar que uns sejam iguais aos outros.

Precisamos conversar, educadores e pais, para que tenham claros os seus papéis, lidando da melhor maneira com filhos/alunos. Um aluno não pode ter no professor a imagem de um pai às avessas, que desdiz aquilo que é ensinado em casa; Como um Pai não pode ser o anti-professor, que só faz questionar, desvalorizar e merecer o esforço dos professores ao lidar com seus filhos.

Lembrando que vivemos numa sociedade onde a imagem de professor anda bem desvalorizada, mal-paga e insegura, não é pra menos que alunos desajustados sejam tão freqüentes pelas nossas escolas.

De quem é a CULPA??

2 comentários:

Renata Bertran disse...

De quem é a culpa??? Não tem como dizer, alias, será que é o caso de se achar um culpado??? Eu acredito que não. Eu acredito que sem uma integração entre escola, família, profissionais envolvidos nos cuidados daquela criança e/ou adolescente não chegaremos longe. Temos que caminhar juntos e conseguir falar a mesma lingua.

Anônimo disse...

A culpa é dos dois lados.
Professores querem acabar logo com a carga horária e ir embora pra casa; e pais, querem deixar os filhos à mercê do professor.